Andreia
Sousa: “Estamos no século XXI e uma mulher ainda não pode vencer ou andar na
luta com os homens na competição!”
2ª classificada na pista, Andreia Sousa viu
o seu resultado em Montalegre ser arruinado na “secretaria”, devido a uma
penalização de 5 segundos que a atirou para fora do pódio final. A vimaranense
considerou injusta a decisão e pondera abandonar o campeonato.
Mas
até à desilusão, o caminho desportivo foi entusiasmante e de um nível fantástico.
Andreia Sousa andou que nem uma “leoa” ao longo
de todo o fim-de-semana, discutindo taco-a-taco a supremacia na Divisão Nacional
2RM do Campeonato de Portugal de Ralicross by Transwhite.
“Fui para Montalegre focada em vencer, pois
sabia da importância desta prova. O campeonato dobrava aqui o meio do calendário
e o resultado final de Montalegre mostrava-se muito importante”, lembrava Andreia Sousa, com a vimaranense
a também depositar muitas esperanças “no fantástico trabalho técnico que
a minha equipa tem feito para evoluir o Peugeot 306, que agora já está ao nível
dos carros dos nossos adversários”.
Obteve o 3º tempo nos treinos cronometrados,
almejando estar sempre na luta pela frente da corrida nas três mangas de qualificação,
mesmo tendo de enfrentar alguns incidentes e toques sofridos, terminando a Q1 e
a Q3 em 3ª e alcançando o 5º posto na Q2, resultados que a colocaram na primeira
fila a grelha de partida para a final.
E aqui, Andreia Sousa subiu ainda mais o nível
exibicional, fazendo uma excelente partida e chegando “no “musculo” ao 2º
lugar, que defendeu com unhas e dentes dos ataques até à bandeira de xadrez.
“Foi uma final espetacular, renhida até ao
fim. Estive na luta com um dos meus principais adversários, mas consegui manter
me firme e segurar o 2º lugar, vindo mesmo o meu adversário felicitar-me pela minha
exibição!”, recorda
Andreia Sousa.
Mas o pesadelo estava para acontecer. A
piloto viu-se relegada para o 4º lugar, mercê de uma penalização imposta pelo
Colégio de Comissários Desportivos, na sequência de um toque que, na opinião do
colégio, teve responsabilidade da piloto do Peugeot 306.
Andreia Sousa não esconde a sua revolta: “terminei
a prova com os meus objetivos cumpridos,
mas infelizmente conseguiram estragar não apenas o resultado, mas também
as minhas aspirações quanto ao título, atribuindo-me a culpa num toque que dou
num carro de um adversário que vem descontrolado para a minha trajetória após
ter tido uma saída de pista!”.
Para Andreia Sousa é “inaceitável a
dualidade de critérios. Sofri toques de vários adversários ao longo de todo o
fim-de-semana e nada lhes aconteceu e num toque furtuito, sem culpa alguma, nem
minha, nem do meu adversário, penalizaram-me injustamente. Conseguiram estragar-me
o campeonato!”.
A piloto saiu de Montalegre “muito
magoada com quem manda neste desporto, porque vejo que sempre que termino nos
lugares mais cimeiros do pódio existem polémicas. Não quero crer, mas parece
que para alguns responsáveis e comissários da modalidade uma mulher vencer ou
ir ao pódio é inaceitável, porque ainda dói a muita gente. Estamos no século
XXI e uma mulher ainda não pode vencer ou andar na luta como os homens na
competição!”.
Andreia Sousa sai de Montalegre “de
cabeça erguida, mas, sem saber o rumo que irei tomar quanto ao campeonato. Não
sei se irei continuar na luta e, se o fizer, será pelo respeito aos meus
patrocinadores, pois a eles devo tudo. Foram eles que me colocaram onde estou
hoje”.
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João Raposo
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