HOJE CONVERSAMOS
BERNARDO KOLBE – FOTOGRAFO E PRESS OFFICER
O nosso entrevistado de hoje faz parte de mais uma vaga de jovens fotógrafos que
chegou ao nosso automobilismo, e que tenta impor a sua marca e o seu trabalho e
Bernardo Kolbe, é um desses exemplos, na qual para começar esta nossa conversa
de hoje, pedimos que nos falasse um pouco de si, o que disse “Antes
demais muito obrigado pelo convite. Bom, eu sou um “jovem” de 24 anos, nasci na
cidade do Porto, sou luso-germânico e um verdadeiro apaixonado pelo desporto
motorizado, mais na vertente de automóveis
.Estudei Comunicação Social durante 5 anos, mais ligado ao marketing,
vendas e publicidade.” E como é que se chega ao
automobilismo “ Começando pela segunda pergunta, os automóveis sempre
estiveram no “sangue” da família. Os meus Avós paternos iam para Vila Real, no
único fim-de-semana de férias no ano inteiro, porque não havia dinheiro, ver as
provas e levavam os filhos, e que deixaram o meu Pai com o “bichinho” dos
carros. Do lado dos Avós maternos, consta que o meu Trisavô foi piloto e
era um grande apaixonado por automóveis. E os meus Avós moravam na Rua do
Lidador, uma rua feita para receber o antiquíssimo Circuito da Boavista, isto
no tempo em que a F1 vinha cá. Depois essa paixão passou pelas gerações
todas, e eu não fui excepção . Em
relação ao jornalismo e fotografia, comecei a tirar fotografias com um Nokia a
cair de podre, em Vila Real, e no natal seguinte o “Pai Natal” chegou com uma
Sony Alpha230! E assim nasceu uma das minhas grandes paixões.” Ao
longo destes anos de carreira diga-nos, na sua opinião, qual foi o ponto mais
alto?” Vou
ter que fazer batota nesta... Não foi um, mas vários pontos altos felizmente.
Embora fotografasse por gosto, tentava sempre fazer vinte “euritos” num
fim-de-semana...! Mas os momentos que não esqueço são, sem sombra de dúvidas,
fotografar o Circuito da Boavista, fotografar para o Oliver Bennett em
Montalegre e ter uma encomenda do Petter Solberg. São os momentos que me estão
na cabeça neste momento, no meio de muitos! “E sustos, já apanhou no
desempenho do seu trabalho como jornalista/fotógrafo? Conte-nos o que lhe
aconteceu. “Claro! Acho que todos nós já apanhamos alguns, e
os que não apanharam que se preparem porque ninguém escapa a um susto !O
primeiro, Resistência Rallycross Paulo Sérgio em Lousada, saída da curva 2, um
Toyota Starlet da equipa DaLuz enfiou-se por baixo dos rails 20 metros acima de
onde eu estava .O segundo, Rally Serras de Fafe, troço de Montim, o Gil Antunes
bloqueou as rodas da frente numa esquerda antes da famosa reta com o salto, e
senti o espelho do lado do navegador “passar” levemente no cotovelo e nas
costas. O último, mais assustador e
terceiro, arranque dos Legend’s em Vila Real, a fotografar numa janela de
frente para a grelha. Confesso que estava com um mau pressentimento na volta de
formação mas não liguei... A prova começou e no pelotão meio da grelha o Micael
Baptista (era meu cliente) tocou lado a lado com um piloto local e levantou voo.
Nada de especial mas foi o suficiente para encostar no rail e nas redes. Agora
imagine ver isto pela objetiva…..”. Para fazer a
preparação duma prova em que vai trabalhar, quanto tempo necessita para
organizar tudo “ Depende bastante dos
clientes. Eu sou uma pessoa que gosta de ter tudo organizado com, pelo menos, 3
dias de antecedência, para não ter que me preocupar com nada. Até porque
ultimamente tinha o Rui Machado a trabalhar comigo e eu dava-lhe as informações
todas direitinhas. 2 ou 3 horas...” Que material
fotográfico tem em sua posse para poder trabalhar? “Neste
momento não tenho nada, vendi tudo! Talvez, se bater a saudade, compre qualquer
coisa semelhante à minha Canon EOS 600D, mas nada mais sério do que isso. Neste
momento há outros projetos.”
Qual a sua opinião na
evolução das máquinas fotográficas nas duas últimas épocas? “ Acho que este é um tema bastante
interessante, pelo que vejo, as marcas estão constantemente com evoluções e
soluções para que todo o tipo de clientes fique satisfeito. É muito bom ver que
temos resposta fácil a qualquer tipo de fotografia que queiramos fazer.”
Na sua opinião o que
acha do nosso automobilismo desportivo em todas as vertentes? Acham que tem
evoluído? Acha que se está no bom caminho? Podia-se fazer mais? “Ora
eu neste assunto tenho uma opinião muito particular. Vou apenas falar da
modalidade em que estou mais inserido. Velocidade .Acho que a velocidade está num bom caminho,
mas não em todas as categorias.
Começo pelos troféus
organizados pela CRM Motorsport, não me recordo de ver uma grelha com menos de
13 carros, bem pelo contrário! Há que tirar o chapéu ao Tiago Raposo Magalhães,
que nos dá 3 grelhas cheias todos os anos, são discretos, nada de espalhafatos,
e isso é algo muito importante. Não vemos pilotos que pensam que vão chegar à
Fórmula 1, não vemos mau ambiente, é um grupo que sabe trabalhar. Nos
clássicos, temos a ANPAC e a RaceReady, que pelo meu somatório, traduz-se em 5
campeonatos diferentes. Muito sinceramente acho que há campeonatos que se
poderiam “unir”, a bem do espectáculo, com regulamentação ajustada de maneira a
agradar a todos, com cedências de ambas as partes, havendo boa vontade. Na
minha opinião não faz sentido termos os Campeonatos Nacionais de Clássicos
separados dos Classic Super Stock... Uma acendalha nem sempre gera incêndio,
mas neste caso não pode nem vai acontecer. Poderíamos ter uma grelha tão
engraçada e preenchida... Mas tirando essa minha opinião pessoal, são
campeonatos fantásticos, com carros lindos. Mas acima de tudo, seja em que
campeonato for, deveriam existir constantes lembranças de que ninguém vai
chegar à Fórmula 1, e que o suposto é ter um fim-de-semana de descanso,
diversão e desporto. Mas são campeonatos que me prendem e são, sem dúvida, a
minha eleição.
A nível de CNV, ou de
Campeonato Principal, a minha opinião é incompreendida e não me vou esforçar
muito, com todo o respeito. Não somos um país economicamente saudável para
andarmos a trocar de carros de 3 em 3 ou 4 em 4 anos. O nosso último
campeonato, desse nível, com sucesso, foi o PTCC, já lá vão quase 15
anos. Na minha opinião, um campeonato com carros do estilo do Kia Ceed
seria a aposta ideal, carro quase de série, caixa sequencial, corridas de
sprint, mas um campeonato a longo prazo...! Acho que este seria, na minha
óptica, a solução para um campeonato, que actualmente, não tem identidade, é
apenas mais um, este com meia dúzia de carros. “ Dentro do automobilismo,
quais as disciplinas que mais gosta de fotografar, e porquê “ Velocidade,
Ralis e Rallycross. As três têm a sua beleza. Velocidade pelas bonitas grelhas,
principalmente nos clássicos, as passagens nos correctores, aqueles “beijinhos”
típicos... rally são rally. Na minha opinião a modalidade onde se vê quem é
piloto ou apenas um entusiasta ao volante de um carro de competição, as
lindíssimas paisagens naturais, é todo um habitat que me atrai.
Rallycross, espectáculo,
provas muito curtas e de faca nos dentes. Dá sempre bom material para entregar
ao cliente.” O que vem ao seu pensamento quando está a
fotografar uma prova? “Dar o
meu melhor para que o cliente fique satisfeito.” Sente emocionado
quando vê uma corrida e está a fotografar a mesma? Tem assim algum
episódio que nos possa contar? “ Senti apenas uma vez. No 50º
Circuito Internacional de Vila Real quando o carro do Pipo e do Ginho Rodrigues
saiu da box na sexta-feira e nos restantes dias, em prova. Mas não me vou
adiantar muito mais em relação a este assunto, com todo o respeito.”
Para quem se está a iniciar na fotografia e
no jornalismo que conselhos gostaria de dar “ Digo a todos que estudem, que se
dediquem à profissão que querem seguir, e muita paciência. Infelizmente as
coisas não caem do céu, e só somos recompensados através de uma coisa, trabalho.”
E as condições de trabalho nas
nossas provas são boas? Qual a sua opinião? E na sua opinião, o que poderia ser
feito para melhor estas mesmas condições de trabalho? “Não tenho opinião, nunca me senti
lesado ou maltratado... Mas um Shuttle dá sempre jeito!” Acha
que a atribuição dos Media FPAK deveria ser mais controlado, de forma a
diferenciar os profissionais dos amadores de fim de semana, “ Ainda
há poucas horas falava disto com o Pedro Castañón, antigo Campeão Nacional de
Montanha, e vou repetir exactamente aquilo que falámos .Acho que sim, não numa
forma de diferenciação do profissional e do amador, mas do FPAK Media como um
todo, porque no fundo somos todos iguais, a fazer o mesmo trabalho, exactamente
no mesmo sítio. Já vi profissionais fotografar numa escapatória, do lado de
dentro da pista, na saída da curva 1 de Braga. Acho que logo por aí já é
possível ver que nem os profissionais são responsáveis .Agora que a internet é
acessível a todos, e que a grande maioria tira as licenças online, poder-se-ia
considerar um género de teste, com perguntas básicas, imagens e vídeos
explícitos daquilo que pode acontecer, e com a licença emitida em caso de 70%
de sucesso na prova. Era um elemento de segurança para a FPAK e para os pilotos
em caso de acidente, e para o próprio fotógrafo como é óbvio .E em cada prova,
porque relembrar nunca é demais, um briefing para fotógrafos, dado por um
fotógrafo experiente, como se faz nos mundiais, europeus e campeonatos
nacionais de vários países. Neste caso não estamos a falar de quem chega à
Fórmula 1, estamos a falar de segurança para todos os elementos, que é bem mais
importante do que um “click” num botão de plástico de uma máquina fotográfica.”,
conclui Bernardo Kolbe.
ENTREVISTA DE JOÃO
RAPOSO – WWW.VELOCIDADEONLINE.COM
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João Raposo
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