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DIVERSOS - JOÃO CARLOS COSTA - COMENTADOR EUROSPORT FAZ UM BALANÇO DO ANO QUE AGORA TERMINA

Terça, 29 Dezembro 2020 23:09 | Actualizado em Domingo, 21 Janeiro 2024 07:47

2020 foi um ano estranho, muito por culpa da pandemia. Mas esta não teve “culpa”, e muito menos responsabilidade em tudo, sendo que neste “tudo” houve bastante de positivo para o Desporto Motorizado português.
Foi bom voltar a trabalhar ao vivo num paddock do GP de Portugal de F1, 24 anos passados de o ter feito pela última vez.
Foi bom sentir a vibração especial que é ver um português ganhar corridas no MotoGP, para mais sendo uma delas em “casa”.
Foi bom ver o que significou a faísca de um passar de corrente positiva com as vitórias e o título na Fórmula E.
Foi bom ver concretizar um sonho de mais uma vitória à classe em Le Mans e comentar aquela hora final de um duelo entre dois portugueses nos LMP2, mesmo sem os ter ao volante no momento decisivo.
Foi bom sentir o prazer especial dos triunfos em sucessão e os títulos no WEC, ELMS e GT Open.
Foi bom perceber, quando do confinamento, como umas simples conversas sobre “corridas” no Facebook Live eram uma espécie de luz ao fundo no túnel para muita gente (e também para nós)
Foi bom ter a hipótese de continuar a trabalhar, horas e horas, diariamente, desde casa, quando muitos outros enfrentavam a desilusão da perda de emprego e/ou rendimentos.
Foi bom continuar a partilhar paixões com duas equipas fantásticas, gente que respeito e a quem posso chamar amigos.
Mas nenhum desses momentos foi o que mais me marcou em 2020, por muito importantes que fossem. Esse foi vivido pelas 10 e tal da noite, no Domingo, 12 de Janeiro, quando ainda não sabíamos como a COVID-19 iria cortar pela raiz muitas das nossas esperanças para o ano acabado de nascer. Quando me sentei na cabine do Eurosport e abri o microfone, sabia ir ter pela frente meia-hora com uma montanha-russa de emoções, num condensado que não quero repetir. Nunca, em década e meia de comentários do Dakar, tinha escrito por completo o script de um resumo de etapa. Naquele dia percebi ter de o fazer. Caso contrário, de improviso, não iria conseguir evitar ver o discurso tomado de assalto pela tristeza que me ia na alma, roubando a clareza do pensamento. Narrar o acidente fatal de Paulo Gonçalves ao km 276 da 7. etapa do Dakar 2020, que ligava Riade a Wadi-al Dawasir, fica como o momento do ano 2020, em termos pessoais.
Foi duro, por todas as razões.
Foi como uma parangona para 12 meses terríveis em muitos aspectos, mas fantásticos em muitos outros.
Naquela manhã de início do ano não houve um milagre numa pista arenosa, na Arábia Saudita. Mas houve um, 10 meses e meio depois, num circuito “ali ao lado”, no Bahrain. Fica-me a esperança de este ter sido o prenúncio do fim destes tempos com um lado fortemente negativo.
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