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Domingo, 05 Novembro 2017 22:46 | Actualizado em Sexta, 29 Março 2024 06:02

SEGUNDO A INFORMÇAO DO JOÃO CARLOS COSTA - COMENTADOR EUROSPORT


Nunca trabalhei no grupo Motor Press. Não tenho ideia concreta sobre todas as razões, porque não vivi o processo por dentro, dia após dia. Mas sei ler, sei ouvir, sei perceber. Por isso, é ainda com maior tristeza que vejo o “caneiro” fechar portas. Perdem-se títulos, perdem-se referências mas, sobretudo, perdem-se empregos. Perdeu-se um património que afinal era omni... inexistente. Perdeu-se tudo, até a capacidade de saldar os direitos de quem deu tudo e acreditou, mesmo nos últimos dias quando havia poucas razões para tal. Ninguém ganha. Ou será que sim?
As letras que se seguem são do meu amigo Vitor Sousa a quem, com a devida vénia, fui “roubar” porque merecem ser lidas.

O FIM

A Motor Press acabou. É mais um gigante da imprensa escrita nacional que cai por terra. Manteve títulos poderosos cujo futuro neste momento se desconhece.

A aventura começou no início dos anos 90 quando, numa acção bem calculada, uma pequena editora – a Cosfer – se associou a um dos maiores grupos editoriais europeus, a Motor Press, de Estugarda. Em Lisboa, a nova editora, assentou o seu arranque num produto de sucesso que foi, durante anos, a revista “masculina” mais vendida em Portugal – o Guia do Automóvel.

No arranque, surgiram projectos que se mantiveram até hoje e que foram o pilar da empresa ao longo dos anos: o Auto Hoje, a Pais&Filhos e a Motociclismo, que eu comecei em 1991. Seguiram-se o AutoMagazine, a Bike Magazine, a Relógios&Jóias e a Navegar, todas líderes de mercado nos seus segmentos. A lista foi aumentando (Sport Life, Bébé d’Hoje, etc…) e, sob a batuta de Luís Penha e Costa, em plenos anos 90, a empresa ganhou dinheiro, muito dinheiro. Adquiriu uma sede nova e tornou-se uma “coutada” apetecível para o parceiro ibérico que, entretanto, assumira o controlo da filial lisboeta após a saída de Penha e Costa. O desmembramento da quota portuguesa criou o desequilíbrio que viria a condicionar tudo o resto.

Mas na altura, ninguém, verdadeiramente, se preocupava com o facto. Valia quase tudo. Contratações de luxo, mordomias hoje impensáveis, incompetências trocadas por amizades, promoções na horizontal. No final de cada ano, a empresa crescia, em rentabilidade, sempre acima dos 10%. Dinheiro que era sugado pelos accionistas, nunca reinvestido na empresa. Dessa forma se desperdiçou a oportunidade da reforma que se impunha: dos conteúdos, dos formatos e, claro, dos suportes. O impacto da internet, a crise económica e, a montante, a venda da Motor Press a um grupo editorial muito maior e com uma visão diametralmente oposta no que diz respeito à globalização da empresa, criou um “tsunami” para o qual a MPL não estava preparada.

O grande despedimento colectivo de 2009 foi o primeiro sinal de que o rombo no casco já era demasiado grande e que urgia corrigir o rumo. Mesmo assim, em vez de se tomarem medidas sérias, tocaram-se violinos no convés. Com um misto, nem sempre disfarçado, de arrogância e sobranceria. No limite, anunciavam-se “números” irreais enquanto se perdiam as lideranças cimentadas.


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