A Sociedade Comercial C. Santos promoveu uma conversa
digital de balanço do ano passado e previsão de 2025 para o setor automóvel em
Portugal. A mais recente edição das SocTalks reuniu vários especialistas e o
balanço é que há sinais positivos, apesar do momento de disrupção por que o
setor passa, com alterações tecnológicas e de configuração económica.
Dedicada ao tema “Setor automóvel: O que esperar de 2025?”, a conversa contou com a participação Fernando Gomes, chefe de redação da Razão Automóvel, Nuno Castel-Branco, diretor-geral do Standvirtual, Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, e Roberto Saavedra Gaspar, secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel.
Setor
automóvel português com sinais positivos em novo ano de mudança
A Sociedade Comercial C. Santos promoveu, dia 17 de janeiro, uma
conversa digital de balanço do ano passado e previsão de 2025 para o setor automóvel
em Portugal. A mais recente edição das SocTalks reuniu vários especialistas e o
balanço é que há sinais positivos, apesar do momento de disrupção por que o
setor passa, com alterações tecnológicas e configuração económica.
Dedicada ao tema “Setor automóvel: O que
esperar de 2025?”, a conversa,
transmitida em direto nos canais da empresa, contou com a participação Fernando
Gomes, chefe de redação da Razão Automóvel, Nuno Castel-Branco, diretor-geral
do Standvirtual, Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, e Roberto
Saavedra Gaspar, secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do
Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA).
O mercado português de automóveis ligeiros de passageiros fechou
2024 com um total de 209 715 matrículas, mais 5,1% do que no ano anterior, de
acordo com os dados da Associação Automóvel de Portugal. Os veículos movidos a
energias alternativas continuam a liderar as matrículas dos automóveis ligeiros
de passageiros novos, representando 57% do mercado. Destaque para os modelos
100% elétricos, com 41 757 matrículas, quase 20% do total de ligeiros de
passageiros matriculados (a sexta maior quota da União Europeia).
Ano começa com dinâmica positiva
O secretário-geral da ANECRA salienta que, “do ponto de vista
das vendas, o ano passado foi de crescimento, embora ainda ligeiramente abaixo
do pré-Covid”, e salienta que “dezembro foi importante para o desempenho
global do ano”. Roberto Saavedra Gaspar faz, também, um balanço positivo de
outras áreas do setor representadas pela ANECRA, como o pós-venda, que cresceu
8%, para volumes do pré-pandemia.
O mercado de usados em Portugal cresceu na mesma ordem de
grandeza, com as transferências de propriedade a evoluírem cerca de 6%, de
acordo com o diretor-geral do Standvirtual. “Entrámos em 2025 com uma
dinâmica positiva. São excelentes notícias para o arranque deste ano”,
indica Nuno Castel-Branco.
Desde outubro estão vigor na União Europeia tarifas de até 35%
para automóveis elétricos produzidos na China. Por outro lado, admite-se que,
nos Estados Unidos, a Administração Trump possa colocar tarifas a automóveis
produzidos fora do país.
Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa,
salienta que “o protecionismo
nunca é algo de útil para a economia como um todo. Leva sempre a recuos”.
O especialista tem, no entanto, alguma prudência na análise de eventuais
tarifas nos Estados Unidos. “Relembro que no primeiro mandato de Donald
Trump também existiram tarifas, no entanto, o grau de globalização não sofreu
nenhum recuo. Pelo contrário, até. Para o bem da economia esperemos que esse
discurso seja mais retórico”, afirma Paulo Monteiro Rosa, antes de recordar
que o próprio FMI prevê crescimento para a economia mundial em 2025.
Não obstante o otimismo macroeconómico e para a economia
portuguesa, que, afirma, tem bons indicadores, o economista sénior do Banco
Carregosa alerta para alguns perigos para a indústria automóvel em face do
crescimento das marcas oriundas da China. “A Alemanha e o Japão foram dos
mais exportadores do pós-guerra. Hoje, a Alemanha perde competitividade a cada
dia que passa e tem custos energéticos elevados. A China posicionou-se bem em
termos energéticos e, com BYD, XPeng, Nio, etc., ameaça não só as exportações
alemã para outras regiões do mundo, como ameaçam entrar no ‘feudo’ alemão, que
são a Europa e os Estados Unidos”.
Fusões e aquisições entre marcas são cenário
possível
A competitividade de novas marcas
pode, de acordo com o chefe de redação da Razão Automóvel, ter impacto no leque
da oferta disponível no mercado nacional. “Temos assistido à chegada de
muitos construtores chineses, diria mais de 20 marcas nos últimos dois a três
anos. Só a Portugal chegou meia dúzia de marcas chinesas no ano passado. Claro
que isto poderá ter um efeito disruptor no mercado e nas marcas ocidentais.
Isto porque há a chegada de mais marcas, mas o mercado total não cresce,
Portugal teve uma boa performance, mas a Europa estagnou. Por isso, a única
forma dos novos construtores vingarem é tirarem quota aos existentes”,
afirma Fernando Gomes.
O jornalista acredita que, até ao fim
da década, assistiremos a um período de consolidação de grupos. “Algumas marcas
europeias, sobretudo as que já estão integradas em grandes grupos, poderão
desaparecer. No entanto, isso também poderá acontecer com marcas chinesas.
Também há marcas a mais na China, só no ano passado foram registadas mais 300
marcas de automóveis só naquele país. Por isso é que acredito que o mote para
os próximos cinco anos serão as fusões e aquisições, como já aconteceu no fim
de 2024, com o anúncio dos planos de fusão entre a Honda e Nissan”.
Reintrodução de medida de abate pedida
Para 2025 têm sido defendidas pelas
associações do setor a reintrodução do incentivo ao abate de viaturas em fim de
vida (vigorou entre 2008 e 2010, com breve regresso em 2017). “Trata-se de
uma medida que, a determinada altura, foi utilizada em Portugal, com bastante
sucesso. A ANECRA, e outras associações nossas congéneres, tem-se batido pela
reintrodução dessa medida, que, no fim de contas, ajudaria à renovação de um
parque automóvel muito envelhecido, são mais 13 anos de idade média do parque,
com coincidências a vários níveis, a começar pelas emissões de CO2”, indica Roberto Saavedra Gaspar.
No Orçamento do Estado para 2024
estava prevista a introdução da ferramenta, “com quase 120 milhões de euros
provenientes do fundo ambiental”, mas o que acabou por suceder foi o
lançamento de apoio à mobilidade elétrica, com um valor mais reduzido, que faz
um misto entre as duas medidas. No entanto, tem, de acordo com o
secretário-geral da ANECRA, “valores muito baixos” e que “não são
suficientes para dinamizar as vendas de viaturas novas e, consequentemente,
reduzir a idade média do parque”.
Mercado tem de adaptar-se
A Comissão Europeia impõe metas ambientais rigorosas para os
automóveis novos. O objetivo é
de zero emissões em 2035 (eletrificação total), mas as metas intermédias também
são de “travagem”. Já em 2025,
as emissões médias de CO2 dos veículos novos têm de ser reduzidas em 15%
relativamente ao limite de 2021, o que se traduz numa média de 93,6 g/km (ciclo
WLTP). O
secretário-geral da ANECRA considera que “o caminho é ambicioso” em
demasia. “Aquilo que podem parecer metas exequíveis para o setor, parecem-me
um pouco perigosas para aquela que é ainda a maior indústria europeia”,
afirma Roberto Saavedra Gaspar, sem colocar em causa a importância das metas
ambientais e do parque automóvel ter de ser menos poluente do que é atualmente.
Já Nuno Castel-Branco não antevê
grandes alterações às datas previstas pela Comissão Europeia em matéria de
redução das emissões de automóveis novos. Avisa, aliás, que “2025 é um ano
crucial”, porque o incumprimento das metas de CO2 levará a penalizações
sérias aos construtores. “Tem de haver a expectativa de que os elétricos
terão de vender mais este ano, mesmo a consumidor final”, afirma o
diretor-geral do Standvirtual, antes de deixar o aviso aos operadores de que
também “o mercado dos elétricos usados terá de adaptar-se”.
No entretanto, o desafio é que mais
consumidores possam ver nesta tecnologia uma opção. “Aqui [na Razão
Automóvel] falamos em ‘electrocompatibilidade’. Se a pessoa não puder carregar
o carro em casa ou no trabalho, o veículo elétrico pode não ser ainda
compensador. O automóvel elétrico já é uma opção, mas não ainda para todos os
consumidores. Ainda não permite sempre substituir o único carro da família a
combustão”, avisa Fernando Gomes.
Economia é
dinâmica
O momento é, portanto, de disrupção,
mas também de adaptação, de acordo com o chefe de redação da Razão Automóvel. Porque a
economia é dinâmica, os próprios construtores automóveis chineses apostam na
produção na Europa, não só com a criação de novas fábricas, como pela possível
aquisição de unidades fabris a construtores locais. “Isso até já aconteceu
em Espanha, onde a Nissan vendeu uma fábrica, que atualmente está a produzir
para o grupo chinês Chery. É provável que possa haver interesse em adquirir
fábricas prontas a laborar em vez de ter projetos de raiz, como a BYD está a
fazer na Hungria”, refere Fernando Gomes.
Adaptação é a tónica para o setor, como sublinha Nuno
Castel-Branco. “Era muito pior iniciarmos 2025 a dizer que o mercado está em queda,
que há excesso de oferta e que não há procura. Ou seja, estamos num bom
momento. O incentivo ao abate só viria ajudar o mercado. Mas a questão deixo é
que termos de pensar de que forma é que os operadores podem influenciar o
mercado. Em Portugal, podemos ter opiniões, mas isso vale o que vale, o que
temos de fazer é perceber como é que se pode adaptar à nova realidade”, remata.
Veja ou reveja a
edição das SocTalks “Setor automóvel: O que esperar de 2025?” na seguinte ligação:
http://bit.ly/40CzoJS
Sobre a Soc. Com. C. Santos
Fundada
em 1946, a Sociedade Comercial C. Santos tem instalações no Porto, Maia
(Aeroporto) e Felgueiras. Um dos maiores concessionários Mercedes-Benz, Smart e
AMG em Portugal, a empresa comercializa viaturas e peças e presta serviço
pós-venda a veículos ligeiros de passageiros, ligeiros de mercadorias e pesados
de passageiros e de mercadorias.
Estamos sempre na busca da melhor informação, tentamos sempre prevalecer a imagem e a informação escrita, tornando a leitura mais rápida e acessível a todos os leitores.
João Raposo
+351 913 353 070
jraposo-air@portugalmail.pt
Copyright © TouchMobile & Design 2017