O computador de bordo da moto já não indicava qualquer gasolina no depósito quando ainda faltavam 40 Km para a cidade mas, sem alternativa, fui andando, só com um “cheirinho” de acelerador.
Do alto de uma pequena elevação comecei a ver a cidade ao longe e fui-me aproximando até poder ver a placa e cobertura de uma bomba de gasolina da Shell até que, a não mais de um quilómetro de a atingir, puf, puf, a “Cross Tourer” foi-se abaixo sem combustível.
Encostei à berma e fiz sinal para parar ao primeiro carro que passou. Eram um casal de velhotes num pequeno 205 com o banco cheio de tralha de maneira que apanhei boleia do seguinte, uma família numa “pick-up” com uma moto de enduro atrás e uma roulotte a reboque.
Levaram-me até à bomba e só quando lá cheguei reparei que tinha deixado o capacete pousado em cima da moto. Pedi a um casal que me levasse de volta, já com um garrafão de água abastecido de gasolina, e senti um enorme alivio quando constatei que o capacete lá estava onde o tinha deixado.- Está a ver que por cá só os políticos roubam, dizia-me a mulher.
Segui viagem a caminho da Península e, só quando lá cheguei, constatei que para a visitar pela costa, onde se poderiam observar todos estes animais, deveria percorre-la por estradas de terra numa extensão de perto de 200 Km.
Instalei-me num Hostel que pertencia a uma miúda, destes em que o único quarto é uma camarata e que tinha uma decoração muito gira na sala, com fotografias dos animais locais, duas mesas baixas com cadeiras rústicas e um cómodo sofá multicolor. A cozinha era aberta para este grande e arejado espaço de recepção e sala.Os únicos hóspedes era eu e uma miúda alemã que estudava biologia marinha e tinha arranjado por ali emprego nas lanchas que saem ao mar com turistas para ver baleias.
Esta península é um dos dois únicos locais no mundo onde apenas seis ou sete Orcas, que calculam serem as mesmas que aqui andam parte do ano e passam outra parte nesse outro local dos mares do Atlântico Norte, que nadam até à praia quando da maré alta, para caçarem leões marinhos nas margens. Não vi nenhuma mas dizem ser um espectáculo extraordinário.A meio da tarde apareceu pelo simpático Hostel uma outra miúda alemã com quem fiquei à conversa e fomos, ao final do dia, ver o pôr do sol, nas rochas junto à praia.
Combinámos que viesse no dia seguinte dar a volta à península comigo de moto mas, felizmente, não arranjou capacete porque o passeio não correu bem.